sábado, 12 de abril de 2008

Um Coração com Defciência



Nos últimos tempos, conheci duas pessoas com deficiência. Não sei especificar de que deficiências se tratam, talvez um atraso no desenvolvimento cognitivo, mas isso não é importante.

O importante é que reparei que são pessoas livres na expressão dos seus sentimentos, que não se inibem de mostrar o seu afecto e o seu agrado. Um deles é um trabalhador das portagens da Ponte 25 de Abril. Sempre que passo pela sua cabine dá-me os Bons Dias com um sorriso luminoso, pergunta-me como estou e diz que teve prazer em ver-me e que já tinha saudades minhas. De início estranhei aquela atitude, pensei que fosse “gozo”. Agora percebo porquê. Por não estar habituada. Já ninguém tem este tipo de atitude, os sentimentos, essencialmente os de afecto, estão guardados e só raras vezes surgem. Então, não estamos habituados e quando eles surgem estranhamos. É uma avalanche perante a qual nós erguemos a nossa barreira de protecção e pensamos “É gozo!” ou “É atrasado”. Sim, porque as pessoas “normais” não se expressam assim. Existe um código de conduta que não as permite expressar as emoções, os sentimentos, os afectos, salvo em raras excepções. Já as sensações desagradáveis, a raiva, a inveja e o ciúme não hesitam em “descarregar”, especialmente naqueles que mais amam.
Bem, se isto é ser “normal”, então eu quero ser uma pessoa com deficiência, especialmente que seja com um coração deficiente.

Um comentário:

BlackPit disse...

Ignorância é sinonimo de felicidade, ou tens o dom para veres a verdade dura e crua, ou vives na felicidade da ignorância, estas duas situações não são compatíveis.

O ideal será o equilíbrio entre estas duas situações estares sempre atento para não seres apanhado/a desprevenido/a, e ao mesmo tempo seres feliz e partilhares a felicidade com quem realmente merece.