quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Compaixão e Tolerância

Compaixão e Tolerância
Todos nós sabemos que o estado actual da nossa sociedade humana está bastante frágil (eufemísticamente falando). É do conhecimento geral que existem guerras, crimes e crianças a morrer de fome a cada minuto que passa. Todos o lamentamos. E todos, salvo raras excepções, nada fazemos. Todos poderíamos dar o nosso pequeno contributo para melhorar a situação de tantos os que sofrem por todo o mundo. No entanto, todos sofremos de duas síndromes crónicas que a Medicina Tradicional logra em curar: a inércia e a preguiça. Como sei, por experiência própria, que estas síndromes são muito complexas e difíceis de combater, vou começar por falar-vos de pequenos gestos.

Aproveito este momento no qual, com a aproximação da quadra natalícia, todos nós estamos mais predispostos a descentrarmo-nos dos nossos pequenos grandes umbigos para olharmos um pouco em volta. O que quero falar-vos são de pequenos gestos quotidianos que podem melhorar significativamente a qualidade de vida de todos nós. Não falo, entenda-se, da tradicional caridade que tanto se generaliza nesta época do ano, porque a caridade não significa uma real mudança de atitude e mais não é do que um olhar de cima para o outro. Para ajudarmos alguém temos que tentar colocar-nos na sua pele, ou seja, temos que estabelecer uma relação empática com ela. Ora, para estabelecer este tipo de relação não podemos lançar um olhar de cima, mas sim um olhar de frente, até porque não existem diferentes níveis de pessoas. E assim, chego ao ponto de que vos quero falar – a Compaixão.

Podemos não estar dispostos a enviar contributos para África ou a participar nas campanhas do Banco Alimentar, mas podemos actuar num raio mais curto e palpável, melhorando a vida daqueles que nos rodeiam directamente. Comecemos por um simples exemplo – o trânsito. A maioria de nós passa diariamente várias horas no trânsito, podemos aproveitar este tempo, que aparentemente é inútil, para espalhar a Tolerância e a Compaixão.
Se estamos numa fila de trânsito porque não deixar um outro automóvel entrar? Aquele automóvel que está a complicar o trânsito da fila do lado e que tal como nós tem dentro uma pessoa ensonada que só quer chegar a horas ao trabalho. Podemos até faze-lo esboçando um sorriso de bons dias. Não é este automóvel que nos vai fazer chegar mais atrasado, e atire a primeira pedra quem nunca entrou numa fila de trânsito a meio.

No nosso prédio, estamos a entrar no elevador e vemos um vizinho a abrir a porta de entrada. Porque não esperar e dar-lhe uma boleia em vez de entrar a correr fingindo que não o vimos?
Quando estacionamos o nosso automóvel, porque não aproximá-lo bem do carro da frente para que atrás sobre espaço suficiente para mais um estacionamento? Nenhum de nós gosta de ficar vários minutos às voltas à procura de lugar.

Todos nós sabemos que o ambiente vai de mal a pior. Que tal poupar água? Simples como fechar a água do duche enquanto nos ensaboamos, como fechar a torneira enquanto lavamos os dentes ou como não descarregar o autoclismo até ao fim sem necessidade. Mais ainda, que tal reciclar? Simples como ter um saco para o papel, um balde para o lixo comum, outro para os plásticos e mais um saco para os vidros. Tenho a certeza que se crianças de 5 anos conseguem para nós não será uma tarefa insuportável.
Simples como retribuir um Bom Dia, esboçar um sorriso e evitar discussões inúteis que só nos vão desgastar mais.
Simples como evitar o terrível vício que temos de falar mal dos outros só porque não nos ocorre mais nada e porque nos faz sentir ilusoriamente melhor.
Simples não é? Quando conseguirmos fazer estes pequenos gestos, talvez possamos dar passos maiores como ajudar as crianças africanas ou as espécies em vias de extinção. Até lá podemos começar a nossa luta diária contra a inércia e a preguiça, aproveitando para melhorar a nossa qualidade de vida e daqueles que nos rodeiam.

Bem Hajam